Nessa nova dinâmica de suas vidas há muitos detalhes, os quais abordo em meus atendimentos* e vou dar uma pincelada aqui.
O ideal é que haja disposição e vontade genuínas, já existentes ou a serem despertadas em você, que, provavelmente, será um dos ou o principal familiar responsável pelo agora paciente. Enfrentará a adaptação ao novo modus vivendi que está se desenhando à sua frente. Mas pode ser muito tranquilo, dependendo da forma que você encarar. Natural a sua ansiedade. Natural, em seus temores, pensar: “vou/vamos dar conta?”; “Terei condição econômica?”; “Será grave?”. Aqui há um sinal sutil de que você se importa com essa pessoa. E é para você que estou escrevendo.
Uma atitude que auxilia muito é oferecer um bom suporte para que a pessoa idosa se sinta segura, acolhida. Lembre-se, ela é a paciente. Terá dúvidas, medos – até mesmo se vão mandá-la para um hospital ou casa de repouso… e esquecê-la –; anseios sobre como esse novo estado de saúde vai se configurar, o “dar trabalho” a seus familiares também é motivo de muito desconforto e ajuda a desestabilizar o emocional… Ela espera com ansiedade sua paciência, seu afeto e se ela e/ou você tiver com quem contar, reúna-se com essas pessoas, que farão uma rede de apoio, para estabelecer as opções viáveis em termos de cuidados físicos e emocionais, idas a médicos, realização de exames, e administração das finanças. É fundamental conhecer o estado real da saúde física, emocional, mental e espiritual do paciente e, também, do familiar que irá tomar a frente. Se o idoso a ser cuidado estiver lúcido, ou em momentos de lucidez, verifique a possibilidade de informá-lo das medidas a serem tomadas ou – o melhor dos mundos – consultá-lo quanto à reunião. Ele tem esse direito sobre sua vida.
Por experiência minha, se o idoso tiver um plano de saúde, de acordo com o seu estado geral, pode haver a orientação de instalar um home care na residência: uma empresa especializada em oferecer desde equipamentos, artigos de farmácia básicos, móveis, e, em especial, profissionais da área de saúde, sempre dependendo da patologia. Por que isso acontece? No caso de internações constantes, os custos podem ser expressivamente altos e, assim, o plano de saúde garante o cuidado do paciente, ao mesmo tempo em que minimiza os gastos da empresa. Ouvi vários médicos dizerem que, estando em domicílio, com home care ou não, o risco de infecções oportunistas diminui. E, em geral, o paciente se sente mais seguro e emocionalmente mais tranquilo. Vale dizer que é sempre importante o acompanhamento da família, em especial quando não há um membro vivendo na mesma casa. Mas isso é assunto para outro post.
* inclusive domiciliar, dependendo do bairro